O método TEACCH, sigla para Tratamento e Educação para Crianças com Autismo ou Desordens Relacionadas à Comunicação, foi desenvolvido em 1975 na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Essa abordagem inovadora é reconhecida por ser amplamente individualizada, adaptando-se às necessidades específicas de cada criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Me chamo João Chiaragatto, sou professor Especialista em Educação Especial e pai da Maria Luiza, diagnosticada com Autismo com 1 ano de idade. Iniciamos a intervenção com ela pelo modelo DENVER com 1 ano e 2 meses. Tive contato com o Método TEACCH em meus estudos após o diagnóstico da minha filha.
Uma prática baseada em evidências
O TEACCH é fundamentado em uma prática baseada em evidências, ou seja, técnicas e protocolos passam a ser aplicados somente após serem validados cientificamente. A abordagem foca no desenvolvimento da criança com TEA por meio de estratégias estruturadas, sempre considerando suas características individuais e seus níveis de desenvolvimento.
As diretrizes do método enfatizam a importância de certificações e treinamentos rigorosos para que os profissionais alcancem resultados satisfatórios, garantindo o progresso no desenvolvimento das crianças.
O impacto do autismo no desenvolvimento
O TEA, conforme descrito no DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), é uma condição neurobiológica com base genética que afeta principalmente dois aspectos do desenvolvimento: as competências de comunicação social e os comportamentos restritivos, além das possíveis alterações sensoriais.
Crianças com TEA geralmente enfrentam desafios significativos em habilidades como aprendizado intuitivo, abstração, atenção e funções executivas. Essas dificuldades afetam diretamente sua capacidade de interagir e compreender o mundo à sua volta, tornando indispensáveis abordagens específicas, como as propostas pelo TEACCH para crianças autistas
Estratégias centrais do TEACCH
Uma das principais estratégias do TEACCH é a organização do ambiente. Um espaço estruturado oferece à criança com TEA pistas visuais claras sobre o que será realizado, facilitando a compreensão e a execução das atividades. Isso se baseia no fato de que crianças neurotípicas conseguem processar informações auditivas de forma mais eficiente, enquanto crianças com TEA dependem mais do apoio visual.
Outra estratégia essencial é a criação de uma rotina visual diária. A utilização de objetos concretos ou miniaturas ajuda a criança a entender as atividades previstas, como “hora do lanche”, “jogo” ou “trabalho”. Essas representações concretas são particularmente importantes, pois a dificuldade em abstrair e simbolizar, características comuns em crianças com TEA, torna a linguagem verbal menos eficaz.
A organização das tarefas também deve ser clara e explícita, sem depender de inferências. Por exemplo, sistemas visuais que mostram passo a passo atividades como escovar os dentes ou trocar de roupa ajudam a criança a entender e realizar as ações de maneira mais independente.
Método TEACCH para crianças com autismo
Comunicação e aprendizado
O TEACCH reconhece que a comunicação é um desafio significativo para crianças com TEA. Desde compreender o que outra pessoa quer dizer até aguardar sua vez para falar, cada etapa do processo comunicativo exige habilidades cognitivas complexas. A abordagem, portanto, busca melhorar essas competências, adaptando as intervenções ao estilo cognitivo da criança.
Além disso, o método valoriza a utilização de murais e lembretes visuais em casa ou na escola. Exemplos incluem figuras na geladeira indicando o que há dentro ou painéis na sala de aula organizando as atividades do dia. Esses recursos ajudam a reforçar a compreensão e a memorização, elementos cruciais para o aprendizado de crianças com TEA.
TEACCH: um modelo dinâmico e personalizado
Método TEACCH para crianças com autismo segue passos semelhantes aos de uma investigação científica: observar, mensurar, criar hipóteses, planejar intervenções e aplicar técnicas. Por ser altamente dinâmico e personalizado, o método exige que os profissionais dominem não apenas o conceito de TEA, mas também as especificidades das estratégias propostas.
Essa abordagem destaca a importância de adaptar as intervenções às necessidades perceptuais e visuais das crianças, promovendo avanços significativos na sua capacidade de comunicação e interação social.
Em um mundo onde a comunicação e a troca simbólica são centrais, o TEACCH oferece um caminho acessível para que crianças com TEA compreendam e participem melhor do ambiente ao seu redor. A dedicação dos profissionais e o uso de estratégias estruturadas são fundamentais para transformar desafios em oportunidades de desenvolvimento.
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Fonte: Autismo: conheça o TEACCH®, um programa para melhorar a comunicação de crianças com autismo
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