O conceito de “autismo tecnológico” tem gerado debates sobre uma possível relação entre o tempo excessivo de tela em crianças e o surgimento de sintomas que se assemelham ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora o tema desperte curiosidade e preocupação, é importante esclarecer que não existem evidências científicas robustas que comprovem a existência de um “autismo tecnológico”. Em vez disso, a falta de interação social e estimulação pode desempenhar um papel relevante nesse cenário.
Sintomas Relacionados ao Tempo de Tela
A exposição prolongada às telas pode levar ao surgimento de comportamentos semelhantes aos observados em crianças com TEA. Entre os principais sintomas estão:
- Comportamentos Similares ao TEA: Crianças com baixa estimulação social podem apresentar dificuldade de interação e comunicação.
- Ausência de Diagnóstico Real: Apesar das semelhanças, esses comportamentos geralmente não atendem aos critérios diagnósticos de TEA.
Importância da Estimulação Social
O desenvolvimento adequado das habilidades sociais depende fortemente da interação com outras pessoas. Crianças que têm acesso limitado a ambientes sociais tendem a demonstrar comportamentos que podem ser confundidos com sintomas do TEA. Felizmente, estudos indicam que, ao serem expostas a contextos sociais ricos, essas crianças podem rapidamente recuperar ou desenvolver essas competências. A motivação social é, portanto, um fator fundamental.
O Que Diz a Ciência
Embora o termo “autismo tecnológico” seja amplamente discutido, é crucial entender que ele não possui uma base científica consistente. Aqui estão alguns pontos relevantes:
- Falta de Evidências: Não há estudos que comprovem uma relação causal direta entre o tempo de tela e o desenvolvimento do TEA.
- Fatores Genéticos e Ambientais: Pesquisas apontam que o autismo é influenciado principalmente por fatores genéticos e condições intrauterinas, não pelo uso de tecnologia.
- Confusão Conceitual: O uso do termo às vezes gera interpretações equivocadas, confundindo comportamentos relacionados à falta de interação social com sintomas clássicos do TEA.
Hipóteses e Diagnóstico
Duas hipóteses principais surgem nesse contexto:
- Preferência por Telas: Crianças com traços autísticos podem preferir o uso de telas devido às dificuldades inerentes à interação social.
- Impacto das Telas: A exposição excessiva às telas pode contribuir para comportamentos semelhantes ao autismo, mas isso não caracteriza o transtorno.
Vale ressaltar que o diagnóstico do TEA é complexo e requer uma avaliação detalhada. Em crianças muito pequenas, essa análise pode ser ainda mais desafiadora, o que reforça a necessidade de estudos mais aprofundados.
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Conclusão
O debate sobre o “autismo tecnológico” continua, mas é essencial manter uma visão crítica e baseada em evidências. Embora o uso excessivo de tecnologia possa impactar o desenvolvimento social, isso não equivale ao TEA. Fatores genéticos, condições intrauterinas e interações sociais desempenham um papel muito mais significativo no desenvolvimento do autismo. Portanto, ao abordar esse tema, é fundamental diferenciar sintomas relacionados ao uso de tecnologia de um diagnóstico formal de TEA.
Sou professor Especialista em Educação Especial e pai da Maria Luiza, uma criança diagnosticada dentro do Espectro Autista. Maria nasceu no auge da pandemia Covid-19, como estávamos presos ao ambiente doméstico acabamos assistindo televisão mais do que a rotina. Nesse contexto surgiram várias dúvidas diante do diagnóstico que recebemos, como por exemplo: será causa da falta de interação, será por causa das telas, entre outras. Entretanto, através de muito estudo, concluímos que uma coisa não está relacionada a outra, ou seja, não existe autismo virtual/tecnológico.
A melhor abordagem é incentivar o equilíbrio: oferecer ambientes ricos em interação social e limitar o tempo de tela em crianças pequenas. Dessa forma, promovemos o desenvolvimento saudável e ajudamos a esclarecer mitos associados ao chamado “autismo tecnológico”.
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