A seletividade alimentar é uma realidade comum para muitas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e representa um desafio significativo para suas famílias. Esse comportamento geralmente é influenciado por questões sensoriais e comportamentais e pode impactar tanto a saúde nutricional da criança quanto a dinâmica familiar. Neste artigo seguem dicas para a seletividade alimentar para crianças com autismo.
É importante destacar que, com estratégias bem planejadas e consistentes, é possível minimizar essas dificuldades, promovendo uma alimentação mais equilibrada e variada. Pensando nisso, reunimos neste artigo dicas práticas e orientações que podem ajudar pais e cuidadores a lidar de maneira mais positiva e eficiente com a seletividade alimentar em crianças autistas, tornando o processo menos estressante e mais produtivo.
Minha Experiência
Me chamo João Chiaragatto, sou professor especialista em Educação Especial e, além disso, pai de uma criança autista, a Maria Luiza. Compartilho minha vivência com o objetivo de apoiar outros pais e mães que estão enfrentando desafios semelhantes aos que já vivenciei. Espero que este texto, repleto de sugestões para lidar com a seletividade alimentar em crianças autistas, seja de grande utilidade para você e sua família.
Existem, sem dúvida, estratégias eficazes para ajudar crianças com seletividade alimentar a ampliar seu repertório de alimentos. Entre essas estratégias, uma das mais importantes, de acordo com a minha experiência, é a exposição contínua a diferentes tipos de alimentos, explorando texturas, aromas, sabores e cores variados.
Nesse sentido, é essencial que as crianças tenham contato com os alimentos desde cedo. Isso inclui atividades como brincar com os alimentos, tocar, cheirar, sujar-se, descascar, cortar e amassar. Não é necessário que a criança consuma o alimento imediatamente, pois o principal objetivo é criar uma familiaridade, transformando o alimento em algo mais confortável e menos intimidante para ela.
No entanto, é importante lembrar que introduzir novos alimentos na rotina de crianças autistas é um processo gradual que exige muita paciência. Forçar a ingestão, em hipótese alguma, é uma solução eficaz; ao contrário, o mais indicado é criar um ambiente favorável para a aproximação progressiva. Por exemplo, com a Maria Luiza, utilizamos o método de introdução alimentar BLW, que prioriza a autonomia da criança. Em várias ocasiões, simplesmente deixávamos o alimento próximo a ela para que pudesse observá-lo enquanto, ao mesmo tempo, nós mesmos consumíamos esse alimento, despertando nela a curiosidade e o interesse de forma natural.
Algumas dicas práticas que podem ajudar na seletividade alimentar para crianças com autismo:
- Avance devagar: No início, concentre-se em fazer a criança tolerar a presença do alimento e interagir com ele, sem a expectativa imediata de que ela o consuma.
- Escolha alimentos semelhantes aos já aceitos: Isso torna a introdução mais acessível e reduz a resistência inicial.
- Evite exageros: Apresente um alimento novo por vez, em pequenas quantidades, mantendo a variedade dentro do repertório que a criança já aceita.
- Mantenha a calma: Embora o processo possa ser desafiador, é fundamental respeitar o tempo da criança e evitar pressões ou frustrações.
- Não force ou puna: Nunca obrigue a criança a comer sem seu consentimento, tampouco aplique punições pela recusa.
- Evite barganhas: Frases como “se provar, ganha um presente” ou “como não gosta se nunca provou?” devem ser evitadas, pois geram ansiedade e rejeição.
- Estabeleça rotinas consistentes: Não substitua refeições por lanches, já que isso reforça a seletividade alimentar e dificulta o processo de introdução.
Com perseverança, paciência e as estratégias certas, é possível criar uma relação mais positiva da criança com os alimentos. Gradualmente, ela poderá ampliar seu repertório alimentar e experimentar novos sabores, promovendo uma alimentação mais saudável e variada.
Outras matérias: Seletividade Alimentar em Crianças Autistas – Relato de um pai
Pingback: Ebook sobre Introdução Alimentar para Bebês com Autismo - Saber Singular