Novo Cid do Autismo! Você sabia?

Em março de 2022, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) publicou o DSM-5-TR (Texto Revisado), uma atualização importante do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Embora as alterações relacionadas ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) tenham sido relativamente pequenas, elas geraram bastante debate. Diagnóstico Transtorno do Espectro Autista.

A principal mudança envolveu os critérios para o diagnóstico de TEA, especialmente no que diz respeito às dificuldades na área de comunicação social, que agora exigem uma manifestação mais clara e ampla desses sintomas.

Mas o que essa revisão realmente significa para os profissionais de saúde e, mais importante ainda, para os pacientes? O DSM-5-TR é uma ferramenta essencial para clínicos e pesquisadores da saúde mental, sendo amplamente utilizado por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outros. As atualizações incluem algumas novidades, como o reconhecimento do transtorno de luto prolongado e uma abordagem mais sensível aos aspectos culturais, de gênero e de idade nos diagnósticos.

Como o Transtorno do Espectro do Autismo é Definido no DSM-5-TR?

No DSM-5, o Transtorno do Espectro do Autismo foi descrito com mais precisão em relação aos diferentes níveis de gravidade e apoio necessários. O TEA é caracterizado por dificuldades em duas áreas principais: a comunicação social e os comportamentos repetitivos e restritos. Os critérios diagnósticos do DSM-5-TR foram organizados em cinco áreas fundamentais:

1. Dificuldades na Comunicação e Interação Social

  • Ausência de reciprocidade social (dificuldade em trocar sentimentos ou interagir de forma mútua);
  • Uso inadequado de gestos e expressões faciais;
  • Desafios em iniciar e manter relacionamentos sociais.

2. Comportamentos Repetitivos e Restritos

  • Movimentos repetitivos ou ecolalia (repetir palavras ou sons de maneira excessiva);
  • Necessidade de seguir rotinas ou padrões rígidos de comportamento;
  • Interesse obsessivo ou fixação em objetos ou temas específicos.

3. Presença Precoce dos Sintomas

  • Os sintomas precisam aparecer logo nos primeiros anos de vida, embora, em alguns casos, só se tornem visíveis em situações sociais desafiadoras.

4. Impacto no Funcionamento

  • O TEA deve afetar negativamente áreas essenciais da vida do indivíduo, como suas atividades profissionais, acadêmicas e relacionamentos pessoais.

5. Exclusão de Outras Condições

  • O diagnóstico de TEA deve ser feito apenas quando outros transtornos, como a deficiência intelectual ou o atraso global no desenvolvimento, não expliquem os sintomas apresentados.

O TEA na CID-11: Novidades e Diferenças

Diagnóstico Transtorno do Espectro Autista: A Classificação Internacional de Doenças (CID-11), lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, também revisou a forma de diagnosticar o TEA. Agora, a condição é identificada com o código 6A02, substituindo o código anterior F84.0. A grande diferença entre a CID-11 e o DSM-5-TR está na forma como o TEA é subdividido com base na presença de deficiência intelectual e comprometimento da linguagem funcional. A classificação inclui diferentes tipos de TEA, como:

  • 6A02.0: TEA sem deficiência intelectual e com linguagem funcional preservada;
  • 6A02.1: TEA com deficiência intelectual, mas com linguagem funcional preservada;
  • 6A02.2: TEA sem deficiência intelectual, mas com comprometimento significativo da linguagem;
  • 6A02.3: TEA com deficiência intelectual e comprometimento significativo da linguagem.

Essas diferenças são significativas, pois ajudam a categorizar melhor as necessidades individuais de cada paciente e, consequentemente, a orientar intervenções mais específicas e adequadas.

Níveis de Suporte: Como o TEA Afeta o Cotidiano?

Além das revisões na classificação, tanto o DSM-5-TR quanto a CID-11 introduzem níveis de suporte, que indicam o grau de ajuda necessário para que uma pessoa com TEA consiga desempenhar atividades do dia a dia. Esses níveis são classificados em três categorias, de acordo com a intensidade das dificuldades que o indivíduo enfrenta:

Nível 1 (Suporte Leve)

Indivíduos neste nível enfrentam dificuldades na comunicação social e em comportamentos inflexíveis, mas geralmente conseguem realizar suas atividades diárias com algum apoio. Contudo, o diagnóstico pode ser mais difícil, já que alguns sintomas podem ser mascarados devido à tentativa de adaptação social, o que é chamado de “masking”.

Nível 2 (Suporte Moderado)

Essas pessoas apresentam dificuldades mais evidentes na comunicação e na interação social, muitas vezes respondendo de forma limitada a interações. A intervenção é essencial para apoiar a aprendizagem de habilidades sociais e de comunicação.

Nível 3 (Suporte Intensivo)

Indivíduos neste nível enfrentam dificuldades graves tanto na comunicação quanto na interação social. Eles precisam de apoio constante, com comportamentos repetitivos intensos e dificuldades significativas para lidar com mudanças no ambiente.

A Importância de Compreender a Singularidade de Cada Pessoa com TEA

Embora a classificação por níveis de suporte seja importante, ela não define completamente o quadro de uma pessoa com TEA. Cada indivíduo é único e apresenta características e necessidades próprias, o que significa que o diagnóstico deve ser sempre individualizado. Por exemplo, uma pessoa no nível 1 pode enfrentar grandes dificuldades de socialização, enquanto alguém no nível 3 pode ser capaz de se comunicar de maneira eficaz, com o auxílio de tecnologias de apoio.

Além disso, é importante notar que muitas pessoas com TEA também podem ter outras condições associadas, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), ansiedade ou dificuldades motoras. Isso exige uma abordagem de tratamento integrada e adaptada, considerando todas as necessidades do indivíduo.

Em função disso, o acompanhamento terapêutico contínuo é essencial. Ele permite que a pessoa com TEA compreenda suas próprias habilidades e desafios, ajudando-a a alcançar seu potencial máximo. Com as recentes mudanças no diagnóstico e na classificação, fica claro que um diagnóstico preciso e personalizado do TEA é crucial para garantir que as pessoas autistas recebam o apoio adequado e possam viver uma vida plena, alcançando os seus objetivos. Diagnóstico Transtorno do Espectro Autista

Leia também: Existe Autismo Leve? Como Identifica-lo?

1 comentário em “Novo Cid do Autismo! Você sabia?”

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