Birra ou Crise no Autismo? Como Diferenciar e Abordar

Comportamentos desafiadores em crianças, como birras e crises, são frequentemente mal compreendidos, especialmente no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Saber identificar se uma situação envolve uma birra ou uma crise no autismo é essencial para pais, educadores e profissionais de saúde. Ambas são formas de comunicação, mas têm causas e soluções diferentes.

Me chamo João Chiaragatto, sou Professor Especialista em Educação Especial e pai da Maria Luiza, uma criança com Autismo. Compreender a diferença entra birra e uma crise é algo fundamental no trato do dia a dia com a Maria Luiza, inicialmente foi algo desafiador, mas com o tempo e com as Estratégias certas, conseguimos mediar as situações de maneira mais eficazes. Seguem algumas dicas:

O Que É uma Birra?

Birras geralmente ocorrem quando uma criança está frustrada por não conseguir algo que deseja. Essas situações são comuns em ambientes cotidianos, como supermercados ou parques, e refletem a imaturidade emocional. Crianças pequenas frequentemente usam birras para chamar a atenção ou tentar influenciar as decisões dos pais. Por exemplo, pode ser uma reação ao ouvir “não” para um pedido ou desejo.

Embora as birras possam parecer caóticas, elas são uma parte normal do desenvolvimento infantil. Nesses momentos, é importante que os pais mantenham a calma e estabeleçam limites claros, ajudando a criança a aprender a regular suas emoções.

O Que Caracteriza uma Crise?

Por outro lado, crises são reações muito mais intensas e, muitas vezes, descontroladas. Elas geralmente resultam de uma desregulação emocional causada por fatores externos, como sobrecarga sensorial ou mudanças bruscas na rotina. Diferentemente das birras, as crises não são planejadas nem intencionais; em vez disso, refletem um colapso emocional da criança.

No caso de crianças com TEA, as crises podem ser desencadeadas por situações que causam desconforto ou ansiedade. Por exemplo, um som alto, luzes piscando ou a necessidade de mudar o caminho habitual para a escola podem ser o suficiente para provocar uma crise. O mais importante nesse contexto é que os pais e cuidadores busquem compreender o que antecedeu o comportamento, ajudando a evitar situações semelhantes no futuro.

Comunicação de Necessidades

Tanto birras quanto crises podem ser formas de comunicação. Crianças pequenas, especialmente aquelas que ainda não dominam a linguagem, usam o comportamento como uma maneira de expressar emoções ou necessidades. No caso de crianças autistas, isso é ainda mais evidente devido às dificuldades na comunicação verbal e na interação social. A resposta dos pais a esses comportamentos pode influenciar a frequência com que eles ocorrem.

Por exemplo, quando uma criança apresenta uma birra, dar atenção excessiva pode reforçar esse comportamento. No entanto, em crises, a prioridade é oferecer suporte emocional e garantir a segurança da criança, ajudando-a a se acalmar antes de tentar qualquer tipo de intervenção educativa.

A Rigidez Cognitiva e Suas Implicações

A rigidez cognitiva é uma característica comum em crianças com TEA e está relacionada à dificuldade em se adaptar a mudanças ou novas situações. Isso significa que qualquer alteração na rotina pode ser percebida como uma ameaça, levando à frustração ou até mesmo a crises. Essa característica também está frequentemente ligada a comportamentos estereotipados, como repetir palavras ou movimentos específicos.

Para lidar com essa rigidez, uma abordagem eficaz é preparar a criança para as mudanças de forma gradual e previsível. Por exemplo, usar um cronograma visual ou avisar com antecedência sobre qualquer alteração na rotina pode ajudar a minimizar reações intensas.

O Papel dos Estímulos Sensoriais

Outro fator relevante são os estímulos sensoriais. Crianças com TEA podem ser hiper ou hipo sensíveis a sons, cheiros, texturas e luzes. Situações que parecem comuns para outras crianças podem ser avassaladoras para elas. Por isso, identificar esses gatilhos sensoriais é essencial para prevenir crises e criar um ambiente mais acolhedor.

Fatores Externos e Internos no Comportamento Infantil

Uma série de fatores pode influenciar tanto as birras quanto as crises, como antecedêntes de crises, alterações na rotina, qualidade do sono e uso excessivo de telas. A falta de consistência nos horários de sono, por exemplo, pode levar a irritabilidade e dificuldade de controle emocional. Já a superexposição às telas pode aumentar a agitação e dificultar o relaxamento, exacerbando comportamentos desafiadores.

Manejo de Birras e Crises no Autismo

Diferenciar entre birra e crise no autismo é o primeiro passo para o manejo adequado. Em casos de birra, a melhor abordagem é estabelecer limites consistentes e ensinar alternativas para expressar desejos e frustrações. Já nas crises, é essencial oferecer suporte emocional, criar um ambiente seguro e evitar punições que possam intensificar o sofrimento da criança.

Para crianças com TEA, técnicas como o uso de histórias sociais e reforço positivo podem ser útis. Além disso, contar com o apoio de profissionais, como terapeutas ocupacionais e psicólogos, pode ajudar a desenvolver estratégias personalizadas para lidar com esses comportamentos.

Conclusão

Compreender a diferença entre birra e crise no autismo é fundamental para promover um ambiente de apoio e acolhimento para a criança. Enquanto as birras fazem parte do desenvolvimento normal e podem ser usadas como oportunidades de aprendizado, as crises exigem uma abordagem mais empática e compreensiva. Ao observar os gatilhos e oferecer suporte adequado, é possível ajudar a criança a navegar por suas emoções de maneira mais saudável e tranquila.

Leia também: Sinais que Ajudam a Excluir a Suspeita de Autismo

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